Estratégias Nutricionais para Manter os Peixes Saudáveis Parte 1 e 2

22/05/2015 15:46

Por Rodrigo G. Mabilia
Médico Veterinário, Msc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

Para manter peixes saudáveis é preciso compreender três aspectos básicos relacionados à alimentação: qualidade, quantidade e freqüência. Esta tríade compõe o que denominamos de estratégia nutricional.
Um aquarista consciente sempre buscará infromações e o melhor alimento para seus peixes. Uma alimentação saudável previne o surgimento de inúmeras enfermidades dos peixes. Sob o aspecto de comportamento há um incremento de vitalidade, acentuação da coloração e melhoria da atividade reprodutiva dos peixes.
Não esqueça que uma boa ração deve conter os seguintes pré-requisitos:
- alimento completo para a espécie e fase de vida da mesma.
- conter somente ingredientes de boa qualidade.
- rico complexo vitamínico com complexo B, vitamina E, além de quantidades elevadas de vitamina C próximas a 500mg.
- rico complexo mineral. Por exemplo, sempre conter maior quantidade em relação a quantidade de fósforo, sendo este último em pequenas quantidades.
- não deve alterar a coloração da água.
- não conter excesso de gordura (Extrato etéreo), principalmente em formulações para peixes adultos.
Rações que oferecem níveis acima de 8% de extrato etéreo podem ter a intenção de mascarar a falta de palatabilidade e sofrer com maiores riscos de peroxidação desta matéria prima. Mais grave ainda é o fato de
que o excesso de gordura restringe o consumo alimentar e pode dificultar a assimilação de alguns nutrientes
da ração.
- conter níveis de proteína bruta entre 30 a 35% (kinguios e carpas koi, por exemplo) e níveis superiores para peixes carnívoros e onívoros com tendência a carnívoros. Para acarás discos, por exemplo, estes níveis
de proteína bruta ultrapassam 46%.

A qualidade do alimento
a) Deve-se a presença dos ingredientes que contenham os nutrientes necessários para que o peixe realize suas atividades basais (respiração, nado, etc...), crescimento e reprodução dos peixes.
Os ingredientes de uma ração correspondem, por exemplo, ao óleo de soja, de milho, de peixe, os farelos e farinhas de peixe, de arroz, glúten, etc... Os nutrientes estão inseridos nestes ingredientes. Assim, a escolha dos melhores ingredientes está baseada na quantidade e necessidade dos nutrientes que a ração necessita
para atender as exigências nutricionais de um peixe. Ingredientes de qualidade inferior geralmente são encontrados em rações mais baratas. Rações mais caras, provavelmente devem conter ingredientes de qualidade superior. O alto custo de algumas marcas de rações podem ser compensados pelos benefícios.

É verdade que nem tudo que é mais caro necessariamente é melhor, mas com certeza merece uma atenção especial. O que for barato demais devemos suspeitar, pois muitas fezes são utilizadas matérias primas de qualidade inferior e técnicas de fabricação com o emprego de tecnologias menos eficazes no processo de
fabricação. O aquarista precisa ser muito crítico sobre este aspecto e atento para estratégias de marketing enganosas executadas por quem não entende de aquarismo.
Diferentes espécies e fases de vida implicam em diferentes exigências nutricionais. Estas exigências estão relacionadas aos hábitos alimentares. Vale lembrar que hábitos alimentares dos peixes ornamentais classificam-se basicamente em carnívoros, onívoros e herbívoros. O aquarista, sempre que precisa, deve
procurar informar-se sobre quais as melhores alternativas de alimentação para as espécies de peixes que cultiva.
b) A combinação adequada de nutrientes como aminoácidos, vitaminas e minerais.
A combinação destes nutrientes é fundamental. Um bom exemplo é a relação entre os minerais cálcio e
fósforo. Na formulação das rações há uma proporção padronizada de 1,5:1 aproximadamente. Outro
exemplo seria o uso da vitamina E que além de um nutriente serve como antioxidante para preservar a
gordura das rações (Extrato Etéreo). Uma deficiência de aminoácidos essenciais e vitamínas pode inclusive
ocasionar algumas patologias de causa nutricional.
c) Estabilidade na água.
A ração deve causar o menos possível de lixiviação. A lixiviação é a perda de nutrientes da ração em contato com a água. É o quanto a ração polui a água do aquário. Um bom exemplo é o caso de rações que liberam excesso de fósforo e proteína na água. Rações de baixa digestibilidade também se enquadram neste
contexto. A vitamina C, por exemplo é hidrossolúvel e necessita estar protegida no pellet. O aquarista deve deixar de lado na prateleira rações com baixos níveis de vitamina C.

 

Significado de Lixiviação de nutrientes: é o termo técnico utilizado na hora de
expressarmos a perda dos nutrientes em um pellet, ou floco de ração na água. Rações pouco estáveis e
fabricadas com processos de baixa tecnologia permitem a lixiviação de nutrientes (desde proteína até
vitaminas e minerais). Quando mais lixiviação mais poluição teremos no ambiente aquático. Poluição essa
causada pela ração que coloca em risco o equilíbrio do ambiente aquático em que vivem nossos peixes. As
conseqüências já sabemos: aumento dos níveis de amônia (lixiviação de proteína) e proliferação de algas
(lixiviação de fósforo e do nitrogênio protéico).

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