Hidropsia: Há cura para esse mal?

22/05/2015 15:47

Elaborado por Adilson e Mauricio Molina.

A hidropsia, também conhecida como ascite, ou barriga d'água, não é uma doença propriamente dita, mas um sinal clínico que pode ser decorrente de algumas enfermidades., uma síndrome. Ela ocorre quando há retenção de líquidos na cavidade abdominal, músculos e pele, o que prejudica o bom funcionamento do organismo como um todo.

Também ocorre insuficiência dos rins e do coração do peixe. Ele não consegue eliminar água de seu organismo. As escamas, que estão presas a ele só por uma parte, se levantam, eriçam. Sobrevêm lesões nas guelras, intestinos, etc. A degeneração do coração e dos rins é causada por toxinas que podem ser de origem fermentativa, tumoral ou parasitária.

As causas mais comuns para este sintoma podem ser:

Vírus, que costumam acometer os ciprinídeos ( peixes da família das Carpas)

Infecções bacterianas

Tuberculose, lepidortose e o excesso de nitratos também podem ocasionar barriga d'água.

Em alguns casos, problemas ovarianos em fêmeas, tumores em determinadas localizações, constipação intestinal ou gases podem simular a hidropsia, já que causam aumento de abdômen.

Enfermidades de origem bacteriana são muito comuns em peixes ornamentais e normalmente estão associados a má qualidade da água e alimentação desbalanceada e pobre em vitaminas. Como as bactérias são encontradas facilmente na água do aquário, é importante que os peixes tenham sempre sua imunidade fortalecida por meio de alimentos de qualidade e água equilibrada, com níveis ótimos de ph e temperatura e baixa ocorrência de compostos nitrogenados.

Conforme a maioria dos aquaristas já sabem, a matéria orgânica em excesso vai se acumulando no fundo do aquário e sendo transformada em amônia e nitrito por meio da atividade microbiana. Estes dois compostos, quando em excesso, são bastante tóxicos aos peixes. Mesmo em níveis pouco elevados, podem predispor os animais a infecções bacterianas, já que geram estresse e , consequentemente, diminuem a imunidade. Por este motivo é essencial que os níveis de amônia e nitrito, além do Ph, sejam verificados semanalmente, ou no mínimo a cada quinze dias. Este procedimento avalia o funcionamento do filtro biológico e mostra ao aquarista se a frequência de trocas parciais está sendo eficiente para controlar os compostos nitrogenados.

É importante também, que toda troca parcial seja precedida de uma sifonagem de fundo, o que auxilia na retirada do excesso de matéria orgânica do aquário. O melhor caminho para lidar com a Hidropsia é a prevenção. Peixes plantas e objetos devem passar por uma desinfecção antes de serem inseridos no aquário, para isto usa-se um desinfetante preventivo próprio para este fim. Outra ferramenta de prevenção é a quarentena.

Como prevenção a temperatura deve ser a mais constante possível, e apropriada para as espécies co-habitantes, embora qualquer peixe resista às variações naturais, lentas e graduais da temperatura, até um certo limite. A iluminação adequada em aquários plantados é também necessária à "saúde" da água. Várias espécies de peixes necessitam de quantidades diferentes de claridade, devemos dispor o layout com cavernas, troncos, etc. Peixes de hábitos noturnos não estão bem adaptados a viverem todo o dia sob intensa luminosidade. Dureza e pH devem ser compatíveis com os peixes, daí a necessidade de se estudar as características e necessidades de cada um para saber quais poderão ficar juntos. Peixes recém adquiridos devem passar por um período de observação em aquário específico antes de serem misturados aos demais peixes. Para peixes já infectados, quanto mais cedo o tratamento começar, melhores as chances de reagirem de maneira positiva. À medida que o tempo passa, o estado clínico geral piora e as defesas diminuem, comprometendo a eficiência do tratamento.

A dieta deve ser balanceada, vitaminada e variada. Existe um fator muito importante: as vitaminas sofrem intensamente a influência do calor e também da luz e umidade. Por isto, não podemos nos preocupar unicamente com a data de validade de um alimento ou de um medicamento. O prazo de validade teria importância se o medicamento, vitaminas, etc, fosse conservado em temperatura, em geral, de no máximo 30°C. Além disso, a ração deve ser variada. Não adianta dar sempre a mesma ração. Por melhor que seja, ela não será completa. O peixe, como nós e as plantas, precisa de "elementos-traços", que dificilmente estarão incluídos numa só. Compre sempre ração em recipientes menores, de acordo com a quantidade de peixes. Não tire todo o lacre, só abra um pedaço. Mantenha fechado em lugar seco, arejado e sem incidência de sol. Dê sempre o mínimo de comida necessária de cada vez, aumentando a frequência até a quantidade total para o dia. Não dê quantidade que os peixes não consigam consumir de imediato. Exceto, é claro, alimentos de fundo e nesse caso, nunca dê se ainda houver resíduos do anterior. Sempre que possível, ofereça alimentos vivos, tomando cuidado com cada tipo de alimento pois muitos deles podem trazer bactérias ou outros patógenos.

Como tratamento um bactericida de boa qualidade faz-se essencial para o combate aos micro-organismos responsáveis pelos sintomas. É preferível que o tratamento seja feito em aquário hospital, para que a biologia benéfica do aquário principal não seja afetada.

O início imediato do tratamento é essencial. Quanto mais cedo melhores as chances do peixe reagir. À medida que o tempo passa, as condições do peixe pioram, suas defesas diminuem, seus órgãos caminham para o colapso, deixando o tratamento cada vez mais difícil. Durante o tratamento, o peixe deve ser colocado no aquário hospital, tanto para o tratamento em si como para proteção dos outros. A água deve ter os parâmetros adequados para a espécie, evitando-se porém águas muito ácidas para melhor ação dos antibióticos, no caso de usá-los. Eles em geral não funcionam bem em meio ácido. Deve ser oferecida alimentação variada, e de preferência com alto teor de vitaminas A e D. A água deve ter boa aeração. Não pode ter filtração, ou pelo menos nenhuma filtração química.

A hidropsia, como em qualquer doença, quanto antes se iniciar o tratamento, mais possível se faz a cura. Como você vai saber se seu peixe vai se curar? Só tentando. Se você ler que a cura é impossível, não acredite. Tente. Há inúmeros relatos de sucesso. Nenhum sucesso em quem não tentou.

Contra a inchaço do peixe, em si, para ajudá-lo a eliminar água, pode-se tentar o uso do sal grosso - sem iodo. Evitar seu uso em peixes tipo cascudos, limpa-vidros, etc. O uso de 1 colher, das de sopa, cheia de sal para 10 litros de água é recomendado por alguns autores. Vamos nos referir ao tratamento da hidropsia por bactérias. O uso de antibióticos é importante porque, matando os germes, basicamente causadores da doença ou simples oportunistas (que se aproveitam das condições debilitadas do peixe), o doente terá melhores condições de se recuperar. Vários antibióticos são usados. Há aquaristas que relatam bons resultados com o uso de Aureomicina (clorotetraciclina) na dose de 250 mg para cada 20 L de água durante 3 dias, renovando-se a solução após este prazo, até o restabelecimento do peixe. A Terramicina (oxitetraciclina) também é usada na dose de 50 mg por litro de água em banhos de 24 a 72 horas, renovando-se a solução se estiver dando resultado. A Cloromicetina (cloranfenicol) também é usada na mesma dosagem e tempo que a Terramicina. Há autores que referem bons resultados mesmo com o uso de 5 a 10 mg por litro de água.

Hoje usamos antibióticos mais potentes para o combate à Pseudomonas em humanos. Na verdade não são mais potentes, mas sim diferentes, pois a bactéria adquire resistência facilmente. Nas que atacam no aquário, porém, não é de se esperar que esta resistência tenha ocorrido com frequência pois aí o uso de antibióticos não é abusivo como nos humanos. Um desses é o Ciprofloxacino. Não sei da experiência em peixes, mas correlacionando ao uso da Aureomicina, seria possível usar 500 mg para 40 L de água, também até a cura, com troca da solução em 2 ou 3 dias. Não se conhece muitos estudos sobre a toxicidade dos antibióticos sobre os peixes - só sobre bactérias e sobre humanos - mas autores que fazem referências a bons resultados com o uso da Aureomicina, dizem que após a cura, os peixes procriaram.

Referência bibliográfica:

Alcon News vol. 17

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